Velhos do Restelo

Sou um assíduo frequentador da "web", desde a sua chegada ao nosso país. Lembro com alguma nostalgia, como era fascinante correr, noite após noite, para a frente de um pc, agora pré histórico, ligar o modem, efectuar a ligação, escutar o famoso ruído que produziam e navegar com a fantástica velocidade de 40k/s que nos proporcionava a PT. Estávamos na era em que imperava o "mirc", por lá, encontrar portugueses a navegar na rede, só era possível nas salas de "chat" norte americanas. Lembro que já existiam umas quantas páginas disponíveis, extremamente incipientes, lentas, sem cor e nada atractivas. Mas era sem duvida um feito. Falar a 12 escudos por hora, com várias pessoas oriundas dos 5 cantos do mundo, era nessa altura altamente enriquecedor. No entanto, nessa mesma altura, a opinião generalizada dos portugueses sobre a Internet, era negativa. Achavam que esta só servia para namoriscar, trocar umas fotos, e na maioria dos casos, tratava-se de uma séria invasão da privacidade. Ignoravam como é óbvio, que na sua grande maioria, os utilizadores aproveitavam os recursos para aprender, trocar experiências, estudar, ou ainda trocar opiniões profissionais. Aliás, o fundador do portal SAPO, o maior no nosso país, deu os seus primeiros passos por esta altura, muito por culpa da troca de experiências de estudantes da Universidade de Aveiro.

Ora serve tudo isto, para vos dizer que após 12 anos, e depois de toda a revolução tecnológica que assistimos, massificando radicalmente a utilização da Internet, há quem ainda mantenha exactamente as mesmas opiniões.

Digamos, que são cépticos quanto à utilização de alguns produtos díponiveis na rede, só contra alguns, não todos. O grande destaque vai para Miguel Sousa Tavares, conhecido entre nós como o Jornalista/Escritor/Comentador, que afirma só utilizar a "net", para consultar o correio electrónico e pouco mais. Adianta ainda que o Facebook, só serve para namoriscar, publicitar as "vidinhas" mais obscuras e ridículas, vê ainda nos detentores de blogues escritores frustrados, e mais um rol de alavirdades, sobre o Twitter, o MSN, etc.

Compreendo que esta é só mais uma opinião, alias nem é nova, mas convenhamos que fica bem a um comentador/jornalista, estar bem informado sobre os assuntos em análise, sob pena de cair no ridículo. Não era menos importante para ele, enquanto escritor, fazer uma visita aos produtos visados pelos seus comentários, não vá faltar inspiração para um próximo livro. Provavelmente nem sequer teria de viajar até à Amazónia para escrever uma nova versão do seu afamado livro.

Quanto ao resto (facebook, hi5, Twitter, MSN), provavelmente a sua opinião deve derivar do circulo de amigos que o rodeiam, e aos quais por equívoco se mantêm ligado. Não posso eu em consciência comentar o mundo internáutico que rodeia semelhante personalidade, mas posso dizer-lhe, que utilizo todos esses produtos para encurtar distâncias, matar saudades de amigos, aumentar a produtividade da empresa que represento mantendo-me em contacto permanente com as outras rádios do grupo, ou publicitar algumas iniciativas a custo zero.

Por fim, ao Miguel Sousa Tavares aconselho vivamente a estar mais atento, ou então a descer da Torre de Belém em que se encontra, e fazer uma visitinha cá a casa, o jantar é por nossa conta, isto se entretanto já não estiver de partida para o Brasil. Pode? ( com sotaque) Eu faço uma demonstração. Mas sem direito a Bimby.