sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Suspensão da Democracia

Imaginem num breve exercício de projecção, por muito surreal que este possa ser ou parecer, que depois do acto eleitoral onde legitimamos o P.S para formar governo, fosse completamente pervertido. Isto é, deixaríamos José Sócrates com o cargo de primeiro-ministro, e para os demais ministérios, seriam nomeados políticos de todas as forças da oposição. Ou seja deixaríamos o partido vencedor da eleições em minoria no Concelho de Ministros, e na Assembleia da Republica. E pior, deixaríamos que tal acontece-se com total serenidade, como se este fosse um acto da mais elementar justiça. Em boa verdade, acho que ninguém calaria a sua revolta, isto se porventura no minuto seguinte não registássemos nas ruas a própria revolta. É certo que a politica que se vai fazendo a nível nacional, ainda não atingiu tanto descaramento, mas desconfio que um dia lá chegaremos. Pelo menos a fazer fé nos verdadeiros tubos de ensaio que são as autarquias. Em Matosinhos, na histórica freguesia de Leça do Balio, o exercício proposto no inicio do texto foi efectivado, chegou a bom porto, tiveram o descaramento ou a falta de vergonha, de levar por diante o que a nível nacional, todos consideraríamos um Golpe de Estado. O P.S, venceu as eleições locais, deveria formar o executivo, aliás como é normal em todo o país, mesmo que a diferença seja 1 voto, disse bem um voto. Mas num golpe de rins da oposição, e com muita falta de coragem do actual presidente da junta, o Partido Socialista só se vê representado no executivo pelo presidente de junta, sendo os outros quatro lugares reservados ao PSD, e á lista Independente NM. O pior foi ver os partidos da oposição abandonarem a tomada de posse como verdadeiros vencedores das eleições. Faltaram foguetes e musica apropriada a anunciar a inusitada epopeia. Mas o facto mais negativo, o que me faz levar a escrever estas linhas uma semana depois, é que em Leça do Balio ninguém se revolta, está tudo bem, parecem dar-se bem com esta suspensão da democracia. Mantive-me em silêncio na perspectiva de alguém com mais responsabilidades tomar as rédeas da situação, de expressar a revolta que se impõe. Justiça seja feita, uns quanto bloguers de Matosinhos, disseram presente, ao contrário das forças políticas. Essas estão mergulhadas num silêncio ensurdecedor, e arrastam consigo a restante população.
Eu sou matosinhense, não resido em Leça do Balio, mas garanto, se eventualmente o meu voto tivesse falado lá, as coisas não ficavam assim. É que em democracia, que julgo ainda ser o sistema politico vigente no nosso país há tantas formas de lutar, mas tantas. Já agora sr. presidente da junta, francisco da silva araújo ficava bem demitir-se, e escrevo-o sempre em letras minúsculas, por não achar mercededor de ser escrito de outra forma, pelo menos neste texto.

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