sábado, 14 de novembro de 2009

Escutas ao estado de alma

Que este país, pequeno em quase tudo, onde se recorre com frequência aos também pequenos nadas para alimentar o ego, é mesquinho, eu já sabia. Mas meus caros, vivemos um período, em que tudo, ou quase tudo, serve para derrubar o poder político instalado. Aliás sou da opinião, e ela vale o que vale, que o simples facto de os membros do governo usarem inceticida para matar moscas, serviria para derrubar o governo ao abrigo da protecção dos insectos. Senão vejamos com mais pormenor o processo de intenções que se gerou em torno deste caso putrefacto a que ironicamente apelidaram de "face oculta", mas que com o desenrolar dos acontecimentos, se vai revelando cada vez mais visível, e com o rumo bem defenido. Como é bom de ver, já ninguém está preocupado com a descoberta fundamental, com os arguidos e os actos cometidos. Para quem tem paciência de ler as minhas opiniões sabe exactamente o que penso sobre as escutas, e o quanto gostaria de as ver tornadas publicas. Ganhava de imediato o Primeiro Ministro e o Governo, porque terminavam de uma vez por todas as especulações, e ganhávamos todos nós, porque deixaríamos de viver em torno de um ruído que ensurdece o melhor dos ouvintes. É com tristeza portanto, e não é um cenário que não estivesse nos meus horizontes, que registo a eventual destruição destas conversas. É por maioria de razões negativo a todos os títulos. Deixaram mais uma vez que a sistemática violação do segredo de justiça, se encarrega-se de destruir o bom nome das pessoas, para depois queimarem o único elemento relevante para o limpar. Se esta forma de fazer justiça não se aproxima dos países de terceiro mundo, com toda a certeza estará bem próximo. Aliás a forma ainda pouco esclarecedora da forma como foram efectuadas estas escutas, são para mim um sintoma claro de um tratamento a russar o "pidesco", ou o mais perfeito sistema do período soviete. Mas adiante! Serve todo este desabafo, mais ou menos recorrente na minha escrita, e da qual já me vou fartando, para retratar mais uma vitima de toda esta lixeira política onde nos vão envolvendo.O principal partido da oposição, como todos se lembram, ou deveriam lembrar, veio esta semana, através da voz da sua líder a termo certo, exigir que o Primeiro Ministro se retratasse perante o país, de todas as acusações de que de forma ilícita é alvo. Oportunamente escrevi aqui (é só descer umas linhas e ler), afirmando ser esta forma de fazer política, escabrosa, rasteira, e que a armadilha estava preparada para Sócrates cair na tentação de responder a esta provocação, a tresandar a podre. Como todos sabem, ou deveriam saber, o Engenheiro é tudo menos inculto, ou politicamente distraído, e não respondeu, mas mandou certamente responder. Vieira da Silva, Ministro da Economia obedeceu. Falou com todas as letras, colocando o dedo na ferida, deixando questões pertinentes, cheias de oportunidade, e que certamente ficarão sem resposta, aliás com convêm. Mas ao tomar esta atitude, caiu na armadilha montada. Todos os partidos sem exepcção, que passaram a última semana em todos os meios de comunicação social, a acusar o primeiro ministro, a dizer que a justiça teria de ir até ás últimas consequências, a exigir isto e aquilo do Procurador e do Tribunal Constitucional, acham como é óbvio e convém, a resposta de Vieira da Silva "uma forma inqualificável de condicionar a justiça". Acreditem, ás vezes rio ás gargalhadas a ver tais reacções. Entendem todos estes senhores ser da mais absoluta normalidade os seus comentários acusatórios, condicionadores do funcionamento da justiça, e carregado de "recadinhos". Mas entendem o facto de alguém ligado ao Governo pensar em voz alta, que a violação selectiva do segredo de justiça se trata de pura "espionagem política", ser um crime de lesa-pátria. Eu digo, fez bem Vieira da Silva, e farão bem todos os ministros que de uma forma ou de outra se revoltarem contra este estado de "coisas". Estarão num estado de excelência se terminarem com o absurdo segredo de justiça, que serve única e exclusivamente para alimentar "jornalecos" e "jornalistasinhos", partidinhos e políticos escabrosos. Espero finalmente ver os que tão alarmados ficaram com a ínfima possibilidade do Presidente da Republica ser escutado, ficarem no mínimo preocupados com o facto do primeiro ministro ter sido efectivamente escutado, sabe-se lá por quanto e em e em que tempo. Finalmente e porque o texto já vai longo, mais do que eu gostaria, dar os parabéns aos portugueses, e ás medidadas implementadas pelo governo na economia. Portaram-se muito bem no último trimestre. Somos o terceiro país dos vinte e sete, a registar um maior crescimento da economia. Bem se isto não enche o ego dos nossos compatriotas, então o que encherá? Pelo que ouvi durante esta semana, devem ser os resultados deste jogo de setas um tanto ou quanto teleguiadas, que acerta sempre no mesmo alvo.

2 comentários:

  1. A novela continua! Acho que agora descobriram o "crime contra o estado de direito". Mas eu garanto que foi um crime contra o estado de direita. :-O
    Abraço!

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