quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ponto de rebuçado

Não é necessário lembrar os tempos conturbados que o sector da educação viveu. Eles foram publicitados vezes sem conta, tantas eram as mega e mini manifestações efectuadas quase diariamente, no sentido de parar o sistema de avaliação.
Estou totalmente de acordo com a afirmação recorrente que ser professor em Portugal é difícil, que esta é sem margem para dúvida, uma das mais nobres profissões, e ainda que dentro do sector existem excelentes profissionais. Nunca duvidei, nunca o coloquei em causa. Aliás ao longo da minha vida de estudante, tive o privilégio de me cruzar com alguns deles, dos quais guardo recordações para a vida. Mas convenhamos, nenhuma destas frases faz sentido quando falamos contra a avaliação, deveria até servir como argumento para a defender, uma vez que no antigo sistema ser bom ou mau professor era premiado da mesma forma. Isto sim, aos meus olhos claro, surge como uma injustiça inqualificável. Podemos ou não estar de acordo com a forma como ela é efectuada, podemos discutir a sua burocracia, mas parece da mais elementar justiça que se faça, a bem dos excelentes profissionais, que ainda se dão ao trabalho de ensinar. O sector publico viveu largos anos ao sabor do vento, tendo sido altamente lesado pelos sucessivos governos eleitos, os quais nunca demonstraram coragem suficiente para a revolução necessária. Logo não é de estranhar toda a agitação vivida, e a que se advinha a curto prazo.
Chegou a altura de sabermos as propostas apresentadas pela oposição para o sistema de avaliação em vigor, uma vez que o quadro politico na Assembleia da República mudou, e o governo poderá ver-se obrigado ou a suspender, ou a alterar a lei já aprovada na anterior legislatura. O Bloco de Esquerda, foi entre a oposição, o primeiro a pronunciar-se com uma proposta concreta, dado que os outros partidos só apresentam como alternativa a suspensão da avaliação. A fantástica revelação dos bloquistas é sem dúvida a demonstração clara dos equívocos cometidos no último acto eleitoral. Ora na perspectiva da esquerda radical, a avaliação deveria ser efectuada em "sistema de auto-avaliação", e sem a colaboração dos alunos. Mal soube da noticia surgiram logo nesta cabecinha sem eira nem beira, três questões fundamentais. Será que neste sistema apresentado pelos Bloquistas algum professor irá dar nota negativa, como que dizendo ao jeito de quem se vê ao espelho e diz eu não gosto nada de mim? Qual é a diferença entre esta proposta dos radicais de esquerda e a suspensão emediata da avaliação? Será que este partido subestima a inteligência do povo português?
Bom eu tomei a liberdade de seguir a essência da proposta do Bloco e auto-respondi, só para ver como era.
É por estas, e todas as outras que estão bem ocultas, que temo verdadeiramente a possível chegada de partidos assim ao governo. Se um dia tal acontecer, passaremos todos a viver numa gigantesca república anárquica, como se tal fosse possível.

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